Parceria entre município e governo federal busca alinhar ações de combate à fome em Feira de Santana
Feira de Santana está entre as três cidades da Bahia contempladas para receber esta iniciativa do governo federal
Em entrevista ao Folha do Estado, o analista de políticas públicas do Instituto Comida do Amanhã, Josemário Hipolito da Silva, informou que a estratégia já está presente em 60 municípios do Brasil. E Feira de Santana está entre as três cidades da Bahia contempladas para receber esta iniciativa do governo federal, através do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
"Três cidades serão contempladas na Bahia: são elas Feira de Santana, Salvador e Vitória da Conquista. Essa estratégia envolve três ministérios, que são o Desenvolvimento Social e Combate à Fome, do Desenvolvimento Agrário e das Cidades. Ela contempla um universo amplo de políticas alimentares e estratégias de combate à fome e segurança alimentar e nutricional da população em estado de vulnerabilidade. Feira de Santana não só se enquadra nos critérios, como é uma cidade polo, com mais de 300 mil habitantes e tem grande potencial para implementação desta estratégia", explicou.
Conforme Josemário Hipólito, o intuito da oficina realizada em Feira, nestes dois dias, é apresentar um diagnóstico situacional da cidade.
"Este levantamento foi feito pelo MDS, com informações coletadas ao longo do ano passado e neste ano, e está relacionado a oito eixos estratégicos. Todas as cidades apresentam situação de relevante atenção junto às populações, e o intuito é combater a insegurança, dando suporte aos equipamentos. Nesse diagnóstico foi feito todo o levantamento dessa estrutura. A discussão é verificar como é possível ampliar as informações e trabalhar junto aos setores da prefeitura."
A coordenadora dos equipamentos de segurança alimentar e nutricional do MDS, Carmem Priscila Boch, acrescentou que um dos focos do Programa Alimenta Cidade é também combater o desperdício de alimentos por redes de supermercados e outras empresas.
"Um dos eixos do Alimenta Cidade é combater o desperdício, e aqui em Feira vi pela lista de equipamentos que já existe um banco de alimentos, que é uma das principais formas de combater. Uma parte dos alimentos são desperdiçados, porque existe um padrão de aceitação do mercado de um produto e se ele já passou do perfil, é descartado, mas uma parte ainda pode ser consumida. Vamos fazer um projeto para diminuir este desperdício, ver se os alimentos que são desperdiçados nos mercados são recolhidos e redistribuídos para quem precisa, ver também que uma parte desses alimentos não poderão ser consumidos, mas podem ser para consumo de animais e quando não puderem, deverão ser descartados de forma apropriada, como a compostagem e geração de energia. O que eles não podem é ir para o lixão. Esse é um processo de economia circular", esclareceu.
Ela enfatizou que a parceria irá otimizar o que já existe no município, a exemplo da compra de produtos da agricultura familiar, ampliação de bancos de alimentos, restaurantes populares e agricultura urbana.
"Tivemos um estudo chamado Desertos Alimentares, onde nestas 60 cidades, mapeamos os locais onde essas populações tiveram baixo acesso à alimentação, e a ideia é otimizar, construir novos equipamentos ou novas ações, visando aumentar este acesso das populações nas periferias. Já temos um diagnóstico dos equipamentos de Feira de Santana, como os desertos alimentares, os equipamentos, sabemos onde está a população mais pobre, e a ideia é interagir com os gestores e entender se esse levantamento está correto ou se precisa de mais elementos, e traçar uma rota de implementação."
A secretária municipal de Desenvolvimento Social, Geruza Sampaio, considera que a oficina traz grandes avanços, principalmente diante da parceria do governo federal, do estado e município.
"A gente busca cada vez mais montar estratégias para não apenas levar o alimento, mas criar também uma condição de gerarem sua própria renda. Infelizmente, Feira de Santana ainda tem um índice muito alto de pessoas em extrema vulnerabilidade, passando necessidades. Quase 30% dos nossos habitantes precisam desse olhar diferenciado da gestão. Neste evento também tomarão posse os membros do Consea (Conselho Municipal da Segurança Alimentar), para que a gente já comece a atender com algumas funcionalidades e trazer mais projetos, como a câmara temática intersectorial de segurança alimentar e nutricional."
O Prefeito José Ronaldo parabenizou a iniciativa e reforçou a importância do evento para melhorar o diálogo com a população mais carente do município.
"A presença dos técnicos do Ministério do Desenvolvimento Social, juntamente com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social visa justamente levar às entidades da sociedade civil orientações técnicas sobre o consumo de alimentos, e sairão daqui deste encontro mais informadas e preparadas para dialogar com a comunidade. O Centro de Abastecimento é o grande espaço da cidade de comercialização de alimentos, e quando a gente procura organizar melhor tem tudo para uma ação bem melhor", disse.
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