Lindiomar contou, que desde os 15 anos começou a trabalhar. "Primeiro foi vendendo leite, trabalhei no comércio e mais tarde, quando completei 18 anos fui trabalhar com retifica, logo quando meu pai faleceu em meados dos anos 80. Porém desde esta época, eu já gostava de música, gostava da noite e comecei a ter contato com o pessoal do meio e a primeira oportunidade de fazer algo mais especifico foi com Mairi Monte Alegre, quando eu o ajudei a montar um show no antigo Feira Tênis Clube", lembrou.
📱 FEIRA DE SANTANA NOTÍCIAS 24H:
faça parte do canal do Folha do Estado no WhatsAppAinda neste mesmo período, ele começou uma parceria com o cantor Paulo Bindá. "Aqui tinha muitos cantores das antigas, cujo repertório era mais de seresta e ele surgiu fazendo um som diferente com uma nova proposta e isso já me chamou a atenção. Aí, já por volta de 1993, 94 Paulo gravou um disco "Vou Prosseguir" com aquela música Vem pra mim e me convidou para fazer a produção: pegava os músicos, levava para as gravações, organizava os shows e assim fui pegando gosto e descobri que podia viver disso e aí não parei mais", contou.
Ainda nos anos 90 começou a trabalhar vendendo apresentações de bandas para o Maranhão, um mercado que com o tempo se consolidou. "Já teve época da gente levar cinco bandas para lá, mas com o passar do tempo foi mudando a forma de negociar. Vou dar um exemplo: em uma cidade, a gente as vezes ficava quatro dias se apresentando, mas com o tempo, a concorrência foi aumentando e os contratantes ao invés de pagarem o valor de quatro cachês para uma atração, eles pagavam um valor e traziam outras atrações", explicou.
"Nessa época você vendia cinco cidades aí passava tantos dias em uma, tantos dias em outra e assim, por muitas vezes se passava 20, 30, 40 dias viajando. Era uma correria, mas era bom e muito diferente do que é hoje", complementou.
RESERVA DE MERCADO
Para o empresário, a reserva de mercado o principal fator que travou a renovação do Axé Músic com o passar dos anos na Bahia. "O Axé foi o grande movimento musical do Brasil e naquela época se tinha as grandes gravadoras investindo, o modelo industrial fonográfico era todo favorável. O Axé não é como Forró, Samba, ou outro ritmo que é fácil de tocar: naquele tempo, os empresários, os contratantes queriam atrações da Bahia pela essência que tinha e isso favorecia a todos, como até hoje favorece porque tem bandas que não tem tanta expressão assim, mas tem agenda o ano todo", afirmou Lindiomar Cerqueira.
"A música sertaneja tem artistas de vários Estados, como Minas, São Paulo, Santa Catarina e Goiás é o centro que acolhe a todos. Aqui é diferente porque os grandes nomes têm seus escritórios, dominam essa parte de tocar nas mídias e travam o surgimento de novos nomes. Com o fim das gravadoras e a evidência das plataformas digitais, muitos artistas aqui ficaram estagnados, ou seja, eles não seguiram o caminho e dificultaram a vida de muitos, tanto é que que o último grande nome do Axé que surgiu foi Cláudia Leitte", destacou.
Lindiomar Cerqueira disse que muitos artistas esvaziam o próprio gênero. "Muitos têm interesses particulares, os egos lá em cima e que atrapalham as sua carreiras e outros que vivem do que fizeram no passado hoje fazem questão de depreciar o gênero, não investem, não se reinventam e por isso o Axé meio que reduziu aos grandes nomes que mesmo tendo carreiras consolidadas estão sempre buscando trabalhar para manter a evidência", comentou.
Apesar do cenário, o empresário disse que o Axé Músic pode ainda reaquecer. "A Bahia, musicalmente é muito rica: tem muita gente boa aí fazendo música de qualidade. O que precisa é haver mais união, menos individualismo e muito mais solidariedade como acontece com o sertanejo onde todos têm seu público, seu espaço e mantém a evidência. Se isso acontecer aqui, o Axé não só reaquece, mas como vai se manter presente com a constante renovação", declarou.
Comentários:
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.