Fundação Egberto Costa denuncia desmantelo da entidade e prejuízos acima de R$ 5 milhões
O prefeito José Ronaldo pretende realizar uma obra de manutenção no Teatro
Após ser reconduzido ao cargo, o presidente da Fundação Egberto Tavares Costa (Funtitec), Antônio Carlos Coelho, concedeu uma coletiva à imprensa feirense, na manhã desta sexta-feira (3), para apresentar dados alarmantes sobre a situação financeira e o total desmantelo do instituto, responsável por fomentar a cultura e tecnologia em Feira de Santana e região. Segundo ele, os prejuízos acumulados pela gestão anterior ultrapassam os R$ 5 milhões, em alguns setores.
Teatro Margarida Ribeiro
Pouco mais de seis meses após sua reinauguração, em 18 de junho de 2024, o Teatro Municipal Margarida Ribeiro, em Feira de Santana, foi fechado mais uma vez para reformas, na manhã desta sexta-feira (3). Na época em que foi reinaugurado, o governo municipal informou que o entreposto cultural havia ganhado novas poltronas, camarins modernizados e climatizados, a caixa cênica havia sido renovada, além de ter recebido forro de gesso acartonado, ideal para a acústica, nova iluminação cênica e saída de emergência.
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Em entrevista ao Folha do Estado, o presidente da Fundação Egberto Costa justificou a decisão, devido à falta de investimentos da gestão municipal anterior em relação ao teatro, que é considerado um dos mais tradicionais teatros do interior do estado.
"O Teatro Municipal Margarida Ribeiro nós fechamos na manhã de hoje, provisoriamente, porque o prefeito José Ronaldo pretende realizar uma obra de manutenção do teatro, que está precisando de reformas e melhorias nos sanitários, na rede elétrica, e quando ligam a iluminação alguns curtos circuitos são apresentados dentro do teatro, e é preciso que haja essa reforma. Algumas portas precisam sofrer determinados consertos, então o prefeito que o teatro volte a funcionar em condições dignas para atender a comunidade", afirmou Coelho.
Relatórios ignorados
Ele destacou que a assumir novamente a gestão da Fundação Egberto Costa, em julho do ano passado, produziu uma série de relatórios informando ao governo municipal sobre a situação do Teatro Margarida Ribeiro, bem como outras situações que encontrou na entidade, no entanto não houve respostas.
"A Fundação Municipal Egberto Costa tem 17 anos de existência, ela sempre foi uma fundação voltada para a tecnologia, informação, telecomunicações e cultura. Essa fundação foi criada por José Ronaldo no seu primeiro governo, justamente para administrar os equipamentos de cultura em Feira de Santana, como o Teatro Margarida Ribeiro, Centro de Cultura Maestro Miro, onde está o teatro Ângela Oliveira, Museu de Arte Contemporânea Raimundo Oliveira (MAC), três bibliotecas na sede e nos distritos de Maria Quitéria, Humildes e Bonfim de Feira, e também a grande biblioteca da cidade que é a Arnold Ferreira da Silva, que a administração passada iniciou a obra e vamos concluir possivelmente em março ou abril deste ano. O que aconteceu é que a administração anterior entendeu que deveria tirar a parte cultural da fundação e levar para a Secretaria de Esporte e Lazer, só que a nossa grade cultural é diferente da grade cultural da Secel", explicou.
Coelho esclareceu que a Fundação era responsável pelo 'Teatro vai aos bairros', Festivais Gospel e Vozes da Terra e o Projeto Arte de Viver, que até 2019 tinha 6 mil alunos matriculados em 24 oficinas de arte. Segundo ele, todas essas ações se perderam após a desvirtuação do papel da Fundação.
"Em julho do ano passado, encontramos a Fundação, não mais cultural, somente tecnológica. O Maestro Miro estava em obras, que em grande parte já foram encerradas, precisando só de alguns arremates. Pagamos toda a obra do Margarida Ribeiro, pagamos parte da obra da Biblioteca Municipal e já temos mais de 54% da obra realizada. O prefeito José Ronaldo visitou hoje o espaço e vai providenciar aditivar o contrato para que a construtora continue com a obra. Durante a gestão passada, houve um desvio de finalidade do teatro, que nunca cobrou taxas para grupos teatrais se apresentarem, pois a fundação tem como função prestigiar o teatro amador de Feira de Santana, custeando tudo isso. Só que estabeleceram uma cota de R$ 1.500 para os grupos, e essa gestão vai retornar com a gratuidade", afirmou.
Equipamentos quebrados
O planetário do Museu Parque do Saber parou de funcionar, com projetores queimados e um prejuízo que chega a R$ 5 milhões.
"São 650 mil euros. A Fundação tem orçamento para comprar, mas já estamos em contato com o fabricante alemão e possivelmente vamos financiar a aquisição, porque esse planetário é com tecnologia alemã. O teatro amador em Feira de Santana acabou. A Fundação tem que financiar o desenvolvimento do teatro amador e toda a arte do município", salientou Coelho ao Folha do Estado.
Antônio Carlos Coelho destacou que com a nova gestão os projetos serão retomados, assim que a Câmara de Vereadores retornar do recesso parlamentar e os projetos do Executivo forem apreciados pelos vereadores.
"Já estamos juntamente com a administração municipal e a secretaria de cultura tomando providências para que o Projeto de Lei Complementar seja preparado para apreciação do prefeito, depois deverá ser encaminhado à Câmara pelo Executivo quando forem iniciados os trabalhos do Legislativo, retornando a cultura para a Fundação Egberto Costa e aí nós vamos poder tranquilamente administrar os seus equipamentos e dinamizar a arte e a cultura em Feira. A Câmara só reabre em fevereiro. Esse projeto vai chegar lá no início e acredito que deve levar de 30 a 40 dias em tramitação. O prefeito irá sancionar e nós vamos montar os editais, com a realização de festivais e reestrutura o Programa Arte de Viver, com as 24 oficinas. O ano de 2025 será de muito trabalho", finalizou.
Sem internet gratuita
Outro projeto que segundo Antônio Carlos Coelho foi sepultado na gestão anterior foi o programa de internet gratuita para toda a população feirense. Ele afirmou que os equipamentos que forneciam o sinal queimaram e não foram substituídos.
"No governo de José Ronaldo tivemos um grande avanço da internet gratuita e chegamos a ter 98% da área de Feira de Santana com o serviço. Eram mais de 150 rádios, queimaram todos, não substituíram, não contrataram empresa para dar manutenção aos equipamentos. Hoje temos uma rede de 19km de internet para atender a todos os órgãos do governo municipal, mas os rádios que atendiam ao Feira Digital não existem mais. O prejuízo para o município é grande, não sei em estimar, cada rádio deve custar hoje R$ 6 mil. Temos uma torre no morro de Maria Quitéria com mais de 20 baterias de energia solar, mas não está atendendo", denunciou.
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