Estudante acusada racismo é expulsa de faculdade em Feira de Santana
Vídeo mostra pró-reitor acadêmico de faculdade anunciando medida
A estudante, da unidade de Feira de Santana, na Bahia, fez uma publicação no último dia 14, afirmando: "odeio Lula pq ele inventou o fies e colocou um monte de desgraça na minha faculdade". Um seguidor respondeu: "um monte ** *****". Em seguida, a acusada respondeu ao comentário: "preto ou pobre?".
"A gente teve conhecimento hoje pela manhã dos fatos. A instituição, em tese, não funciona de manhã, mas todo o conselho se reuniu pela manhã e pela tarde para discutir [...] e já foram tomadas as medidas, e a aluna não faz parte mais da instituição", disse o pró-reitor acadêmico, Gustavo Checcucci, sendo muito aplaudido pelo público em seguida.
O caso foi denunciado após grande repercussão nas redes sociais. Após as publicações, as mensagens chegaram ao conhecimento de outros alunos, que levaram o caso até a direção da instituição. A conta em que constariam as postagens foi excluída do Twitter.
Ainda na tarde desta terça-feira (20), os estudantes se reuniram em frente à instituição pedindo a expulsão da estudante. Em nota enviada à imprensa, a instituição informou que repudia "toda forma de preconceito e violência contra o próximo" e que "medidas administrativas e legais cabíveis" serão tomadas em relação ao ocorrido.
A Subseção Feira de Santana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) repudiou o caso através de uma nota. No texto, a entidade diz que "(Lei de Cotas, Prouni e Fies) são um importante instrumento de reparação da desigualdade que nasceu com a colonização do Brasil".
Nota de repúdio
A comissão de Igualdade Racial da OAB/BA Subseção Feira de Santana vem, por meio desta nota, manifestar repúdio em relação aos atos de racismo e preconceito de classe socioeconômica protagonizados por alunos de uma instituição privada de ensino superior da cidade de Feira de Santana, e que veio a público no dia de hoje, 20 de setembro de 2022. Conforme prints que circulam em grupos de whatsapp e veículos de imprensa, alunos criticam políticas afirmativas e de democratização de acesso ao ensino superior por possibilitar a inserção de pessoas pretas e pobres.
No ano em que a Lei de Cotas (Lei 12.711/2012) completa 10 anos, é triste e repugnante nos depararmos com atitudes como essa. Cumpre lembrar que as políticas afirmativas de acesso à educação superior (Lei de Cotas, Prouni e Fies) são um importante instrumento de reparação da desigualdade que nasceu com a colonização do Brasil. A estrutura econômica da sociedade brasileira é racialmente construída, e o acesso à educação superior é uma das formas de transformar essa estrutura.
Lembramos ainda que racismo é crime previsto na Lei n° 7.716/89, punível com reclusão de um a três anos e multa. É um crime sério e violento que pode levar a outros crimes, como agressão física e homicídio, e políticas eugenistas que nos matam todos os dias. Reforçamos, por fim, a importância da adoção de práticas antirracistas por parte de todas as instituições da sociedade, principalmente as entidades de ensino.
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