Especialistas orientam como evitar ataques e desvios de comportamento em cães

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Especialistas orientam como evitar ataques e desvios de comportamento em cães

Falta de adestramento e sinais de ameaça podem levar cães ao ataque

Foto: Mário Sepúlveda/ FE
Feira de Santana Notícias 24h - Na última semana, Feira de Santana vivenciou dois ataques envolvendo cães da raça pitbull, reacendendo o medo e desconfiança contra estes animais.

O primeiro episódio ocorreu no dia 8 de julho, quando um pitbull escapou da residência e invadiu outro imóvel em um condomínio da cidade, levando à morte um cãozinho Spitz alemão. O segundo ataque ocorreu durante uma festa em outro residencial, localizado no bairro Vila Olímpia. Cinco pessoas ficaram feridas.

Ambos os casos tiveram grande repercussão entre os feirenses e levantaram dúvidas sobre a personalidade de cães dessa raça e os riscos de sair com animais ferozes de grande porte em vias públicas ou até mesmo mantê-los em ambientes privados, a exemplo de condomínios.

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Foto: Mário Sepúlveda/ FE

Em entrevista ao Folha do Estado, o adestrador de animais Marcelo Queiroz explicou que cães da raça pitbull, de modo geral, são animais tranquilos e dóceis, se criados da forma correta e forem adestrados.

"Muita gente aproveita para colocar o cão para brigar, cria de forma errada, mas é um animal excelente e não traz nenhum perigo desde quando você adestre. Hoje é comum as pessoas terem um cão e começar a brincar com o cachorro fazendo cabo de guerra, estimular a mordida. Com isso o animal passa a ter um comportamento indesejado lá na frente, e podem acontecer esses casos isolados, quando veem uma pessoa ou cachorro e querem atacar", esclareceu o profissional.

Por outro lado, ele alertou que proprietários de animais de grande porte devem mantê-los em segurança, em ambientes com portões fechados. Além disso, todo cão de estimação deve ser adestrado logo nos primeiros meses de vida.

"Ao adquirir um cão da raça pitbull, assim como qualquer cachorro, o correto é adestrar. A partir dos 60 dias de vida, o cão já pode entrar no processo de adestramento, que a gente chama de primeira janela, que é a fase do filhote, que é quando o animal começa a interagir, começa a brincar e pode ser feito um passo a passo. Já aproveitando a brincadeira e associando o que é bom para o animal", informou.
Foto: Mário Sepúlveda/ FE

Um dos clientes do adestrador Marcelo Queiroz, o morador do bairro Jardim Acácia Durval Ribeiro é tutor da cadela Tina, da raça pitbull, e um cãozinho Yorkshire. Ele confirmou que ambos são criados como se fossem filhos, e Tina, que há algum tempo iniciou o processo de adestramento, nunca lhe gerou qualquer tipo de problema.

"Criar um pitbull é como criar um filho. Se você der uma boa educação, ele vai prosperar de forma excelente. Agora se você não der, ele será agressivo. Meu pitbull é muito dócil, porque damos muito carinho e mostramos o exemplo, não geramos ameaça. Damos muito amor, para ele corresponder e tem que haver uma reciprocidade. Qualquer cão se você ficar batendo o pé, brigando, ele vai se sentir ameaçado. É um grande amigo, e temos o maior carinho", salientou Durval Ribeiro.
Foto: Mário Sepúlveda/ FE

Sinais de medo

Marcelo Queiroz orientou ainda que, ao se deparar com um animal na rua, seja ele pitbull, rottweiler ou qualquer outro cachorro, as pessoas devem continuar agindo normalmente, para que o cão não se sinta vontade de atacar.

"A partir do momento que a pessoa tem um comportamento de medo, libera para o cão essa energia, e ele pode atacar. Não adianta se apavorar, correr, porque será pior, isso irá estimular a caçar."

Outro conselho dado pelo adestrador é evitar acariciar cães que não fazem parte do seu círculo de convivência.

"Nenhum cão que faz parte do seu meio de convivência a pessoa deve colocar a mão na cabeça, até porque a mão representa uma boca. Um estranho ao colocar a mão na cabeça de um cachorro é como se estivesse abocanhando o animal e pode querer se defender e morder. O cão que não tem costume, não coloque a mão, a exemplo do Chow Chow, que não gosta que ninguém coloque a mão na cabeça dele que já vê como uma ameaça. Ele só aceita o tutor e pessoas próximas."
Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal

Cães de combate

Apaixonado pela profissão e com vasta experiência no ramo de Pets Shops, o médico veterinário Luciano Muritiba confirmou que os cães da raça pitbull são estigmatizados, mas a grande maioria deles são dóceis e não agem com agressividade, desde que sejam bem treinados.

Ele explicou que o pitbull é uma raça que foi criada inicialmente nos Estados Unidos, com o intuito de combate, através da seleção de determinadas características em cruzamentos.

"As pessoas vão selecionando as características, a exemplo de cães mais agressivos. No caso do pitbull, eles suportam mais a dor e têm uma mandíbula muito forte, pois ele era um cão de combate e precisava que essa raça suportasse a dor mais do que o normal. Então foi criado através de seleção com esse intuito. Infelizmente, alguns que foram criados para morder acabam atacando os seres humanos."

De acordo com o profissional médico, não só cães pitbull podem apresentar sinais de agressividade, mas também cães de outra raça, sobretudo as mais territorialistas, como os cães de guarda (rottweiler, pastor alemão) e raças mais primitivas, a exemplo do Chow Chow.

"Aqueles que geralmente são treinados e criados de forma errada tendem a ser agressivos, mas outras raças também podem ser de preocupação do ponto de vista da agressividade. Não só o pitbull, mas também o rottweiler, fila, pastor alemão, SRD, podem apresentar desvios de comportamento. Algumas raças são mais territorialistas que outras. Tem raças de pastoreio, outras de companhia, e as raças de cães de guarda geralmente são mais agressivas em relação à proteção do seu território, são cães criados para isso. Em relação às raças dominantes, existe o chow chow que é cão de língua azul e parece um leão. Este é um cão altamente primitivo, de personalidade dominante, e as pessoas têm que ter um certo cuidado ao criar."

Responsabilidade

Luciano Muritiba lembrou que em Feira de Santana existe uma lei municipal que proíbe a circulação de animais ferozes em vias públicos sem o uso da focinheira.

"Ao circular em áreas públicas devemos ter cuidado não só com cães ferozes, agressivos, mas cães de qualquer raça, principalmente de portes maiores. Existe uma lei municipal em Feira de Santana que em vias públicas cães ferozes só podem circular amordaçados e em uma guia, seguro pelo seu tutor. Então aquelas pessoas que têm cães de porte grande e também pequenos que sejam mais agressivos devem realmente ficar longe de pessoas, principalmente estranhas, levar para locais mais seguros, arejados, e que não tenham barulhos e movimentos bruscos de pessoas, porque até um cão dócil, pelo estresse e pelo medo, pode vir a atacar tanto outros animais, felinos, como seres humanos, então esse é um cuidado básico", ressaltou.

O veterinário afirmou que o principal motivo para um cão atacar outros animais e pessoas está relacionado ao estresse.

"Os principais desconfortos são fome, maus-tratos, deixar o cão acorrentado por muito tempo, ou em casas pequenas, não levar para passear. E, antigamente, apesar que hoje a gente vê menos, muitos criadores de pitbull colocam o cão para morder pneu, osso, atacar como se fosse uma forma de treinamento, porque o pitbull é um cão de combate e às vezes você está aguçando um instinto, tornando aquele cão mordedor. Então ele pode apresentar alterações de comportamento como salivação em excesso, pupilas dilatadas, hiperatividade, e as pessoas precisam ficar atentas a essas coisas, ter o máximo de cuidado possível para não encostar em pessoas em vias públicas, até mesmo em condomínios", alertou.

"Mas o principal erro é maus-tratos, propor treinamento de agressividade e também achar que seu animal é sempre manso. O tutor deve sempre ter segurança com mordaça e não acreditar que seu cão nunca irá morder ninguém", acrescentou o médico.
 

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Domingo, 24 Novembro 2024

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