Comércio informal em Feira de Santana migra do centro para bairros, diz pesquisa
Estudo foi desenvolvido por pesquisadora da UEFS
Uma pesquisa realizada na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) mostra que o comércio informal, presente desde o processo de formação do município, migrou do centro da cidade para alguns bairros. Áreas como as avenidas Fraga Maia (bairro Papagaio), Ayrton Senna (bairro Mangabeira) e Artêmia Pires (bairro SIM) passaram a formar subcentros econômicos abrigando os trabalhadores informais que historicamente atuavam na rua Sales Barbosa. A mudança tem contribuído para o reordenamento territorial e influenciado no desenvolvimento de Feira.
Para a docente, o que diferencia o atual momento é que nos locais denominados de novos subcentros há uma convergência entre condomínios residenciais e atividades comerciais integrando os mesmos espaços. ''Até a década de 1990, as pessoas moravam nos bairros e qualquer atividade comercial que elas precisassem fazer tinham que recorrer ao centro da cidade. Agora, quem mora em determinados bairros não precisa ir ao centro. A consolidação desses subcentros favorece o desenvolvimento local. Os bairros começam a ter uma nova dinâmica'', afirmou a professora Alessandra Telles.
A pesquisa contou com a participação de consumidores de Feira de Santana e cidades da região, que costumam visitar o comércio local especialmente às segundas-feiras e aos sábados. Os estudos apontam que a retirada das barracas e a transferência dos trabalhadores informais para o Shopping Popular acabou prejudicando o comércio formal. ''Quando o consumidor anda pela rua e não vê atrativos que até então existiam, ele pode até entrar em uma loja ou outra, mas não é atraído como antes. O Shopping Popular não atrai por conta da posição que ele está. Não houve uma política para integrar aquele espaço'', explicou a pesquisadora.
A conclusão do estudo, explica a pesquisadora, é o que o geógrafo e um dos mais renomados intelectuais do país, Milton Santos, discute na obra ''O espaço dividido'', importante base teórica para o trabalho realizado. ''Ele disse que as cidades apresentam dois circuitos da economia, o superior e o inferior. O superior é formado pelo comércio formal e o inferior é voltado para as camadas mais populares. Em Feira é possível encontrar os dois circuitos da economia e eles se complementam. Há uma melhoria para o município quando existe uma complementariedade''.
A pesquisa deu origem a dois livros digitais que devem ser lançados ainda este ano. As publicações encerram a primeira etapa dos estudos e um segundo projeto, mais amplo, que vai abordar como o comércio geral de Feira de Santana e as relações de consumo vão produzir um espaço geográfico será iniciado pela professora Alessandra Telles com a participação de estudantes bolsistas da UEFS.
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