Comércio informal em Feira de Santana migra do centro para bairros, diz pesquisa

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Comércio informal em Feira de Santana migra do centro para bairros, diz pesquisa

Estudo foi desenvolvido por pesquisadora da UEFS

Crédito: Bernardo Bezerra/Ascom/UEFS

Uma pesquisa realizada na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) mostra que o comércio informal, presente desde o processo de formação do município, migrou do centro da cidade para alguns bairros. Áreas como as avenidas Fraga Maia (bairro Papagaio), Ayrton Senna (bairro Mangabeira) e Artêmia Pires (bairro SIM) passaram a formar subcentros econômicos abrigando os trabalhadores informais que historicamente atuavam na rua Sales Barbosa. A mudança tem contribuído para o reordenamento territorial e influenciado no desenvolvimento de Feira.

O trabalho é coordenado pela professora Alessandra Telles, que é geógrafa, com mestrado (UFBA) e doutorado (UFS) em Geografia, e membro do Núcleo de Pesquisa e Análise do Território (Nupat/UEFS). A pesquisadora explica que as pessoas que trabalham no comércio de rua começaram a perceber, a partir do projeto da Prefeitura Municipal de requalificação do centro, que a sobrevivência delas não estava mais garantida no centro e migraram para novos espaços. A mudança também contribuiu para reforçar áreas tradicionalmente comerciais, como os bairros Sobradinho, Tomba e Cidade Nova.

Para a docente, o que diferencia o atual momento é que nos locais denominados de novos subcentros há uma convergência entre condomínios residenciais e atividades comerciais integrando os mesmos espaços. ''Até a década de 1990, as pessoas moravam nos bairros e qualquer atividade comercial que elas precisassem fazer tinham que recorrer ao centro da cidade. Agora, quem mora em determinados bairros não precisa ir ao centro. A consolidação desses subcentros favorece o desenvolvimento local. Os bairros começam a ter uma nova dinâmica'', afirmou a professora Alessandra Telles.

A pesquisa contou com a participação de consumidores de Feira de Santana e cidades da região, que costumam visitar o comércio local especialmente às segundas-feiras e aos sábados. Os estudos apontam que a retirada das barracas e a transferência dos trabalhadores informais para o Shopping Popular acabou prejudicando o comércio formal. ''Quando o consumidor anda pela rua e não vê atrativos que até então existiam, ele pode até entrar em uma loja ou outra, mas não é atraído como antes. O Shopping Popular não atrai por conta da posição que ele está. Não houve uma política para integrar aquele espaço'', explicou a pesquisadora.

A conclusão do estudo, explica a pesquisadora, é o que o geógrafo e um dos mais renomados intelectuais do país, Milton Santos, discute na obra ''O espaço dividido'', importante base teórica para o trabalho realizado. ''Ele disse que as cidades apresentam dois circuitos da economia, o superior e o inferior. O superior é formado pelo comércio formal e o inferior é voltado para as camadas mais populares. Em Feira é possível encontrar os dois circuitos da economia e eles se complementam. Há uma melhoria para o município quando existe uma complementariedade''.

A pesquisa deu origem a dois livros digitais que devem ser lançados ainda este ano. As publicações encerram a primeira etapa dos estudos e um segundo projeto, mais amplo, que vai abordar como o comércio geral de Feira de Santana e as relações de consumo vão produzir um espaço geográfico será iniciado pela professora Alessandra Telles com a participação de estudantes bolsistas da UEFS.
 

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