Feira de Santana Notícias 24h - Nesta quinta-feira (29), é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Este ano, a campanha tem como foco principal a conscientização de mulheres em fase gestacional, com o tema: 'Tabagismo: os danos para a gestante e para o bebê".

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o uso do tabaco é uma grave ameaça à saúde global e traz dados alarmantes: 8 milhões de pessoas morrem por ano em todo o mundo, devido ao tabagismo, sendo 1,3 milhão por uso passivo das substâncias presentes no cigarro. No Brasil, segundo dados mais recentes, em 2020, a indústria do cigarro também movimentou milhões, com 22,3% da população consumindo o tabaco e seus derivados. Destes, 7,8% eram mulheres.

Em Feira de Santana, cerca de 9.800 pacientes estão cadastrados no Caps AD para tratamento contra o uso do cigarro. A unidade também intensificou as ações de conscientização durante todo o mês de agosto. E nesta quinta-feira (29), dia nacional da campanha, foi realizada uma sala de espera aberta à comunidade para abordar sobre o assunto e trazer mais informações sobre as formas de tratamento que o município oferece.

📱 FEIRA DE SANTANA NOTÍCIAS 24H: faça parte do canal do Folha do Estado no WhatsApp

Uma das participantes da sala de espera no Caps, Eliúde de Jesus Silva relatou ao Folha do Estado que hoje se considera uma ex-fumante. Para ela, parar de fumar um cigarro parecia algo impossível, mas com o apoio recebido pelo órgão, ela conseguiu abandonar o vício.

"O tratamento aqui foi fundamental, porque eu não tinha vontade de parar. Eu achava que era o único vício que tinha, não bebo, então não ia fazer tanto mal. Mas só que veio a pandemia e eu pensei: 'Eu fumando, vai me faltar o ar. Então eu tenho que procurar ajuda'. Eu achava que não iria conseguir, mas consegui. Meu medo agora é de triscar em um cigarro, porque eu acho que se você voltar a fumar um cigarro, pode cair em tentação. Hoje, graças a Deus, não tenho mais vontade. O tratamento não achei demorado, tinha as palestras, e o grupo foi fundamental", contou a paciente.

Também em entrevista ao Folha do Estado, a coordenadora de Saúde Mental do município, Regicélia Silva, informou que a maior parte dessa procura é feita por pessoas adultas, pois há ainda muito estigma e preconceito por parte dos mais jovens na busca pelo tratamento.

"Na juventude, a gente sabe que é muito complicado buscar o tratamento, por conta do estigma, o preconceito por ser jovem. Já pessoas na fase adulta procuram mais a rede para parar o uso do tabaco. (…) Os meios de comunicação que mais influenciam os jovens a utilizar diversos tipos de substância, inclusive o cigarro eletrônico, que é algo muito avassalador na fase da adolescência, e o papel dos profissionais da Rede Caps do município é conscientizar tanto os jovens quanto os adultos acerca dos males e prejuízos que o cigarro traz para os usuários."

A coordenadora de saúde mental enfatizou que após o período da pandemia de covid-19, houve o crescimento do uso de substâncias psicoativas por parte da população.

"Em Feira de Santana, neste cenário, como em todos os outros locais, existe um índice muito alto de pessoas usuárias do cigarro, inclusive depois do período da pandemia de covid-19 houve um aumento significativo de uso tanto do cigarro quanto de outras substâncias, devido aos transtornos relacionados à covid. A tendência após a pandemia era para diminuir, mas como as pessoas passaram um longo período dentro de casa, presas, a saúde mental acabou ficando abalada. Isso cria ansiedade, depressão, e o uso de substâncias, sendo o cigarro uma das que mais causa dependência, porque existem cerca de 4.800 substâncias envolvidas no cigarro, sobretudo a nicotina", alertou a coordenadora.

Abordagem processual

Regicélia Silva explicou que o Caps AD trabalha com os pacientes de forma processual, focado na redução dos danos.

"Aqui na Rede Caps trabalhamos com os grupos de tabagismo, orientando os pacientes a parar gradativamente. A gente não trata com abstinência, e sim diminuir o uso da substância aos poucos até chegar à abstinência total. Durante todo o ano fazemos esse trabalho de conscientização sobre o uso de substâncias psicoativas, nas quais o cigarro está incluído. E o mês de agosto é quando a gente intensifica as ações na unidade."

O tratamento feito dessa forma, conforme Regicélia, tem uma taxa de sucesso entre 30 e 40% entre os pacientes acompanhados.

"Existe uma taxa de abstinência total com o tempo, porque este grupo é acompanhado por uma enfermeira e uma médica da unidade, que faz a prescrição de medicamentos para diminuir a ansiedade, ou seja, os sintomas que o cigarro traz quando você para de fumar. E existe uma taxa entre 30 e 40% de pessoas que conseguem deixar. É uma substância que causa dependência, mas não é impossível."

Quanto ao cigarro eletrônico, a profissional de saúde explicou que este pode ser ainda pior para a saúde dos usuários. "A diferença é que o usuário inala a substância ativa, e os riscos são maiores de ter doenças pulmonares, câncer, apesar de que o convencional também diversos males à saúde."

O Caps AD é porta aberta, ou seja, atende por demanda espontânea a todos da comunidade que precisam de tratamento e orientações contra o uso do álcool, tabaco e outras drogas. O serviço, que é ofertado por uma equipe multidisciplinar através da rede municipal, funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h. A unidade está localizada à Rua Paris, número 41, no bairro Santa Mônica.