Feirense integra equipe de análise de desempenho do Corinthians feminino

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Feirense integra equipe de análise de desempenho do Corinthians feminino

Lizandra Nunes, faz análise de desempenho, no Corinthians, uma das atuais potências no futebol feminino

Crédito: Arquivo Pessoal

Ao longo dos anos as mulheres vêm construindo e solidificando sua história dentro do cenário esportivo e em diversas modalidades. E paralelo a isso, vem quebrando o estigma criado que as mulheres são seres frágeis para a realização de atividade física. Pensamentos que deixaram sérios rastros de segregação e discriminação com relação ao potencial feminino no esporte. Porém, elas não se deram por vencidas e muito menos menosprezadas, e foram em busca do seu espaço e hoje estão contribuindo com uma nova realidade na vida de muitas mulheres.

E foi nesse espírito de mudança que a jovem feirense, Lizandra Nunes, 27 anos, formada em educação física pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), deu início a jornada de analista de desempenho. Hoje, a profissional feirense faz parte da comissão técnica do Corinthians e é responsável pela análise de desempenho das categorias de base feminina, também auxilia quando solicitada a a equipe profissional.

Contudo, antes de chegar até o clube paulista Lizandra Nunes percorreu um longo caminho de dificuldade e desafio, em uma área totalmente dominada pelo gênero masculino. Influenciada pelo tio, que joga futebol amador até hoje, Lizandra descobriu a paixão pelo futebol ainda na infância. "Eu tive a oportunidade durante a minha infância de brincar na rua com meus primos que eram também da mesma faixa etária que a minha. A gente jogava bola na rua, mesmo sendo um esporte considerado de homens, mas como eu era a única neta, acabei sendo inserida. Com isso fui estimulada a gostar de futebol e influenciada diretamente também pelo meu tio a assistir jogos tanto pela TV quanto como torcedora. Então, para minha felicidade, ali comecei a ter o apoio da minha família, na escola comecei a jogar na quadra com os meninos, naquele momento eu era a única menina a participar. Aos 11 anos, minha mãe chegou até me colocar em uma escolinha de futebol, onde joguei por cerca de três anos com os meninos. Logo em seguida, tive a oportunidade de mudar para a escola de futebol do Vitória, que já tinha uma outra menina. Foi uma experiência muito bacana. Aos 14 anos, conheci o Flamengo de Feira, mais conhecido como Flamengo de Michelinho e ali tive o contato com atletas com nível de seleção brasileira. Porém, chegou um momento que tive que escolher entre o futebol e os estudos, porque chegava dos treinos muito tarde, foi quando optei por seguir estudando e entrei na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), cursando educação física. E através dos jogos universitários pude jogar a nível estadual e nacional, também tive oportunidade de jogar em Portugal, quando estive fazendo um intercâmbio, então foi uma experiência muito bacana que o esporte me proporcionou, a nível de conhecer pessoas com esse espaço", disse.

ANÁLISE DE DESEMPENHO

Quando ingressou no ensino superior, em 2013, ela conheceu o professor Jaderson Barbosa, o qual era o coordenador e um dos professores do PEAC, que é um programa de extensão universitária da UEFS, onde promove atividades esportivas para a comunidade circunvizinhas da universidade. "Eu também comecei a me aproximar pelo FSA Esporte Clube, através do próprio professor Jaderson, fazendo parte de alguns eventos, de algumas atividades, isso me aproximou um pouco mais do futebol. Cheguei a conhecer um dos profissionais do FSA, o professor Gabriel Elói, que atualmente está no Avaí, ele já trabalhava com análise, mas eu não conhecia em si o que era análise, então eu me aproximei de outras áreas dentro do FSA, até que chegou um determinado momento que eu fui realizar intercâmbio em 2017, em Évora, em Portugal. Comecei a colocar a mão na massa, para tentar fazer algumas situações de análise de jogo, de alguns lances, montagem de relatórios e foi um processo muito rico, porque quando retornei para o Brasil, nesse momento ainda a análise, onde eu tinha contato através das mídias sociais, não era algo tão conhecido e o que tinha muito era algo de números era muito mais um processo de scout do que de análise qualitativa técnico tática. Então, quando voltei para Feira de Santana, em 2018, segui trabalhando com o futebol, já voltei sabendo que queria está trabalhando com isso e seguir na área", conta.

EXPERIÊNCIAS CONSOLIDARAM A CARREIRA DE LIZANDRA

De volta a Feira de Santana, ela teve a oportunidade de estar acompanhando a equipe do Astro e Fluminense de Feira, nas categorias sub 15, na Copa 2 de julho. "Eles precisavam de alguém para filmar os jogos, dá um feedback a nível de análise, foi um momento muito importante, porque realmente foi a primeira experiência em si com análise em um clube de futebol. Logo após recebi o convite para estar acompanhando o Fluminense de Feira, sub 23 masculino, na Copa Aspirantes. Então tive a felicidade de ser a primeira mulher a integrar uma comissão técnica, em um clube de futebol da cidade, em uma área técnica, seguindo o processo de aprendizado", disse.

Em 2019 participou de um processo de seleção em duas equipes, sendo aprovada em ambos, mas optou pelo Fluminense/RJ. "Seria minha primeira experiência fora do meu Estado, na época estava na UEFS, finalizando o curso, estava ansiosa para conhecer o Fluminense do Rio, um clube que é referência, não só no Brasil, mas no mundo a nível de formação. A gente até brinca dizendo que a água de Xerém é diferente e realmente é. Só que aí, veio a pandemia e nesse meio termo da pandemia já tinha alguns diálogos com algumas pessoas no futebol e uma delas é a Raissa Jacoby, que trabalha comigo até hoje. Que propôs fazer o estágio a distância, aí topei e tive a felicidade de estar acompanhando o time feminino durante a disputa do Campeonato Brasileiro Série A-2, além de acompanhar e conquistar o título brasileiro da categoria sub 18. Isso tudo trabalhando de forma voluntária, não fazia ideia que iria voltar ao clube, agora, como profissional da comissão técnica", lembra.

Em março de 2022, surgiu a oportunidade de Lizandra realizar um processo seletivo no Corinthians, na área de análise. "Eu passei por algumas etapas do processo, naquele momento foram cinco etapas, foi um processo diferente do Fluminense, o plano de processo seletivo, mas apesar dos desafios passei. No Corinthians feminino, na base, quando cheguei também não tinha análise, então um processo que por mais que seja semelhante ao do Fluminense-RJ, no sentido de as atletas não terem contato com aquilo, precisava em curto espaço de tempo trabalhar e apresentar o trabalho para as atletas e a comissão, de forma que não assustasse, não gerasse uma certa aversão. Está no Corinthians também me proporciona vivenciar o melhor calendário do futebol feminino do país. Onde a gente tem potências do futebol feminino. Temos um processo não só para o profissional e a nível de calendário, mas também para a base, tem o festival sub 14, a gente já consegue ter uma ação mais ativa a nível de federação. Tive a felicidade em poder conviver e trabalhar em alguns momentos com a comissão técnica do professor Arthur Elias, que é uma comissão vencedora no Corinthians. Ano passado tive a oportunidade de acompanhar a equipe feminina profissional na disputa da Libertadores, uma experiência que eu nunca vou esquecer", afirmou 

 

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Domingo, 24 Novembro 2024

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