Robson Conceição: 'Sou um rei sem coroa. Sairei dessa luta campeão'
Baiano disputa o título muncial contra Shakur Stevenson na próxima semana
O baiano Robson Conceição, 32, campeão olímpico na Rio-2016 e dono de uma vitoriosa carreira no boxe profissional, tentará na próxima sexta o cinturão unificado na categoria superpenas (até 58,9 kg), pela Organização Mundial de Boxe (WBO) e pelo Conselho Mundial de Boxe (WBC), contra o norte-americano Shakur Stevenson, 25, no Prudential Center, em Newark, New Jersey, nos Estados Unidos.
O soteropolitano já disputou o cinturão do Conselho em setembro do ano passado, mas perdeu por pontos para o mexicano Oscar Valdez, numa luta com decisão contestada por todo o mundo do boxe. Depois da derrota, Robson voltou aos ringues em janeiro e venceu o norte-americano Xavier Martinez, por pontos, e se colocou, assim, como desafiante pelo cinturão.
Com 17 vitórias (oito por nocaute) e uma derrota no cartel, Robson Conceição encara Shakur Stevenson, que tem 18 vitórias em 18 lutas (nove por nocaute). Nas últimas três semanas, o pugilista baiano teve uma dura rotina de treinos em Las Vegas (EUA), mas conseguiu uma pausa nos preparativos para falar especialmente com A TARDE sobre a luta e a carreira.
Após a polêmica derrota por pontos para Valdez, você já venceu o Xavier Martinez e está aí para disputar o título de novo? A forma como perdeu foi bem frustrante, mas já são 'águas passadas'?
Sim, com certeza. Aprendi muito com a derrota para o Oscar Valdez e por isso consegui me dedicar ainda mais para ter uma nova chance pelo cinturão. Não fiquei desanimado com o que aconteceu naquela noite. Eu sei quem eu sou, e sabia que se eu trabalhasse, eu poderia ter essa chance. Tudo bem que eu queria que a luta fosse novamente contra o Valdez, porque seria uma revanche, mas já esperava que o Shakur pudesse vencê-lo também [luta aconteceu em 30 de abril].
Você acha que a luta contra Shakur será mais difícil do que se fosse contra Valdez?
Muito difícil afirmar isso. Toda luta é difícil e são dois grandes atletas. Me preparei muito para a luta contra o Valdez, assim como fiz para essa de agora. Tive uma importante luta em janeiro, contra o Xavier Martinez, onde tive que treinar mais forte porque sabia o desafio que ele representaria. Consegui ser dominante, porque trabalhei muito duro e estava motivado, como agora estou mais ainda.
Shakur também foi medalhista na Rio-2016, conquistando a prata no peso-galo. Ele está invicto, é considerado um dos maiores pugilistas da atualidade e vai lutar em sua cidade natal. Como você encara esse possível favoritismo?
O que posso dizer é que o Shakur Stevenson é um grande campeão e tem o meu respeito, mas só um sairá do ringue com o cinturão, e será Robson Conceição. Sou um rei sem a coroa, mas estou tranquilo e sei que tenho um desafio complicado contra um jovem campeão mundial. Na minha vida as coisas nunca foram fáceis. É uma vida de superação e eu garanto que deixarei no rigue a melhor performance da minha vida. Será uma grande luta e estarei preparado para dar um grande espetáculo para o público brasileiro que, como eu, não desiste nunca.
Algo de especial na preparação para a luta, ainda mais por Shakur ser canhoto?
Sim, sempre toda preparação é focada para as características do meu oponente. A carga e a rotina de treinos são sempre parecidas, mas o que é praticado e a intensidade varia muito de acordo com o adversário e também com o local de preparação. O fato de ele ser canhoto é importante.
O multicampeão Luiz Dórea és eu treinador. O que ele já te falou sobre a estratégia para essa luta? Vocês assistem a vídeos juntos analisando o estilo de Shakur Stevenson?
Na verdade, toda essa parte de estratégia de luta, de assistir aos vídeos e analisar, fica com a minha comissão técnica e eu só foco nisso quando estou muito perto da luta. Sei que a preparação física e técnica que eles estabelecem são condicionadas a essas análises também, mas eu só me envolvo mais na semana da luta mesmo.
É de conhecimento geral que a balança é um problema recorrente para os boxeadores e muitos sofrem para 'bater o peso' no dia da pesagem para a luta. Como é para você?
Em relação ao peso, apesar de eu ter que perder 10 kg antes de toda luta, consigo controlar isso basicamente com alimentação e treino, sem muito problema. Era até mais difícil quando era amador e estava no boxe olímpico, que tem um outro tipo de preparação também. Eu entendo isso como mais um momento de abdicação, uma coisa que esporte já me trouxe várias vezes. É assim com todos os atletas de alta performance.
Você é casado com a também boxeadora Érica Matos, com quem tem duas filhas (Sofia, de oito anos, e Stephani, de cinco). Como é que a família acompanha as lutas à distância e durante a preparação?
Essa distância é mais uma coisa que preciso entender como um período de abdicação. Elas me dão muito suporte e curtem muito as lutas. Lá em casa, todo mundo assiste às lutas, desde quando eram ainda menores [risos].
Filhas de dois grandes boxeadores, elas já demonstram talento? Quando tem briga de irmã, rola 'trocação' entre elas?
Pior que rola [risos]. Infelizmente, acontece [risos]. Elas gostam de brincar e de fazer coisas de criança. Quando crescerem mais, quem sabe?
Para finalizar: deixe um recado para a torcida...
Primeiro eu gostaria de agradecer o carinho de todos, sempre, por me acompanharem e estarem ao meu lado por tantas vezes. Isso é muito importante para mim. Ajuda demais para que, focado, possa da o melhor de mim nos treinos e na minha vida. E é isso que vocês podem esperar de mim nessa luta. Estou trabalhando duro e estarei pronto, na minha melhor forma, para sair do ringue como campeão e trazer esse título para a Bahia e para o Brasil. Realizei meu grande sonho de ser campeão olímpico e agora tenho esse sonho de ser campeão mundial.
A Tarde Online.
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