Recuperados da Covid-19 precisam estar atentos a sequelas cardíacas
Problemas podem aparecer em jovens e em pessoas sem histórico cardíaco
Análise publicada na revista científica JAMA Cardiology revelou que foram encontradas em ressonâncias magnéticas de indivíduos que tinham se recuperado da Covid-19, anomalias no coração em 78% dos casos (60% apresentavam inflamação do miocárdio). Este mesmo estudo registrou elevados níveis de troponina, uma enzima que é liberada no sangue quando ocorrem danos cardíacos, em 76% das pessoas avaliadas. Outra pesquisa, publicada no European Heart Journal, registrou resultados semelhantes: cerca de 50% dos doentes que foram hospitalizados com sintomas severos do coronavírus tinham danos no coração, como miocardite, enfarte, isquemia ou uma combinação dos três.
Estas lesões foram detectadas por meio de ressonância magnética, pelo menos um mês após os pacientes receberem alta. Várias outras pesquisas foram feitas ou seguem sendo realizadas sobre pacientes recuperados do coronavírus e que tiveram sequelas cardíacas. O cardiologista Thiago Rodrigues (CRM 19114), destaca que esses problemas não têm prazo para surgir. "As sequelas podem aparecer logo no pós-covid, como até um ano depois da recuperação", afirma.
O especialista ressalta ainda que é uma questão presente em todas as idades. "As sequelas podem atingir com mais frequência os idosos, até porque muitos deles já têm problemas cardíacos. Porém, vemos muitos casos em adultos jovens, na faixa dos 30 anos sem nenhum antecedente", detalha. Ele ainda completa que, algumas vezes, as sequelas cardíacas podem aparecer até mesmo durante a internação da pessoa para o tratamento do coronavírus, principalmente se for alguém com histórico.
Thiago Rodrigues explica que, por enquanto, não existe forma de evitar que um paciente tenha sequelas cardíacas pós-covid. "O ideal é a pessoa ter hábitos saudáveis e manter uma rotina de acompanhamento cardiológico", afirma. Os recuperados do coronavírus precisam se atentar a sintomas como palpitações, dor no peito, tontura e falta de ar, os quais são característicos de problemas no coração. "O tratamento vai depender da doença que a pessoa desenvolveu e ainda é cedo para dizer se será algo contínuo, pois não temos estudos concretos sobre o tema", salienta o especialista.
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