Especialistas alertam sobre baixa adesão no reforço contra Covid-19
Na Bahia, 19% tomaram com segunda dose de reforço e 51% a primeira dose de reforço
Com apenas 33% do público-alvo vacinado com a 4ª dose e 58% com a 3ª, a necessidade de alertar a população de Salvador quanto a importância das doses de reforço tem aumentado e se tornado gritante. Os dados são do vacinômetro da Secretaria de Saúde do estado da Bahia (Sesab), que também mostra a situação no estado, que é ainda mais preocupante: apenas 19% dos baianos tomaram a 4ª, enquanto 51% tomaram a 3ª dose. E enquanto esses números demoram a subir, a proteção dada pelas 1ª e 2ª doses cai dia após dia.
"Os estudos já nos mostram que a partir de 3 e 4 meses, e de uma forma mais pronunciada após o quinto mês, existe uma redução da efetividade das vacinas contra a Covid-19. Dessa forma, as doses de reforço são fundamentais para tornarem nosso sistema imunológico mais eficiente no combate ao Sars-Cov-2, causador da Covid-19. Com o passar dos meses, infelizmente, apenas as duas doses não são suficientes para proteger o indivíduo, sobretudo das formas mais graves da infecção", alerta a médica infectologista Lorena Galvão.
São sucessivas pesquisas realizadas para acompanhar o comportamento tanto do vírus Sars-Cov-2, quanto à forma como as vacinas estão agindo dentro do corpo das pessoas, explica o técnico da coordenação de imunização da Sesab, Ramon Saavedra. "Ambos, vírus e vacina, são novos e todo o conhecimento que temos sobre eles têm sido construídos durante a pandemia. Então, o que temos com muita clareza no momento é que há uma queda do nível de anticorpos e da proteção dada pela vacina com o passar dos meses, e por essa razão essa proteção precisa ser reforçada".
Estratégia
É uma lógica muito parecida com a usada nas campanhas de vacinação de gripe: a vacinação acontece entre abril e maio para proteger as pessoas no período mais (a partir de junho), quando a incidência de gripe cresce. Nos meses seguintes, essa proteção vai diminuindo, mas a preocupação já não é mais tanta, já que é a 'baixa temporada' dos casos de gripe, mas em abril e maio do ano seguinte a campanha volta. A única diferença é que, no caso da Covid-19, não há um período específico que ela pareça transmitir mais. O que se sabe é que a pessoa precisa ter sim ter seus anticorpos contra o Sars-Cov-2 reforçados.
Segurança
"As pessoas não podem se apegar à falsa sensação de segurança dada pelas duas primeiras doses e o fato dos casos estarem diminuindo. Isso é mito, precisamos desmistificar isso, assim como o medo dos possíveis efeitos colaterais das vacinas. Ao colocar numa balança e analisar o que vale mais: o risco de um efeito colateral que, caso aconteça, dura em média dois dias ou os benefícios que estar vacinado traz, a vacinação vale infinitamente mais. Os possíveis efeitos da vacina são leves, mas não podemos dizer o mesmo dos efeitos da Covid-19", argumenta Ramon Saavedra.
Ele ainda explica que, mesmo que seja uma realidade que a vacina tenha ajudado a diminuir a infecção e a gravidade da doença naqueles que se vacinaram, esse ritmo lento que a vacinação tem tomado na fase de reforço também favorece o surgimento de mais variantes. "E pode vir a surgir alguma variação do vírus que a vacina não consiga segurar. Hoje, assim como tem sido desde o início da pandemia, os estudos sobre o vírus vêm sendo feitos em tempo real, então não há como cravar, por exemplo, que mais doses serão necessárias. Porém, enquanto houver indicação de novas doses, é recomendável e importante que as pessoas tomem", aponta o técnico da Sesab.
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