Uma arte educadora perambulando pelas ruas da Feira: O corpo performático se inclina e os olhos capturam outras cidades
Vez ou outra nos perguntamos: que cidade é essa?
Por Tatiane Alves Ribeiro
Ao longo da história, muitas foram as formas utilizadas para representar a cidade. Seu espaço geográfico, aspectos sociais, econômicos e culturais sempre inspiraram e inspiram produções visuais, como a fotografia, o grafite, a pintura e o vídeo. Através desses suportes, o ser humano narra sua história, expressa-se, manifesta-se e redesenha o espaço à sua volta.
Vez ou outra nos perguntamos: que cidade é essa? Uma Feira de Santana inédita aos feirenses? Quantas Feiras poderiam ser imaginadas, desenhadas ao longo destes 188 anos? Inúmeras, incontáveis e isto ocorre porque o uno se torna múltiplo e apesar das semelhanças na postagem de Ana, a cidade não é a mesma de Joana, ainda que essas personagens fictícias criadas apenas para este parágrafo da escrita, sejam vizinhas de um mesmo bairro ou morem em uma mesma casa.
A partir de agora me proponho a percorrer trilhas de uma cidade expressa pelas fugas, desvios, rasuras, não na intenção de explicá-las ou decodificá-las em suas camadas mais profundas, mas um perambular a partir da experimentação, ocupando as camadas mais rasas e mais sensíveis. Trilhas repletas de tombos e desvios, sem um fim como conclusão, sem hipóteses a serem afirmadas.
Ao percorrer a cidade de Feira de Santana, com uma câmera fotográfica, me permito criar novos lugares. O corpo performático se inclina e os olhos capturam outras cidades, e através de clicks vou percorrendo as trilhas de um espaço capaz de comportar visíveis e invisíveis que atravessam a objetiva, o corpo da câmera, o corpo máquina. Mas é a intensidade dos eventos que me atravessa, os choques, acidentes, rasuras... forças, talvez muito mais potentes que o monumento, a "igreja gótica" da Avenida Getúlio Vargas.
A tentativa de fuga ao tipo de representação clichê, que nesse texto tem o significado de imagem previsível, a escolha por um enquadramento não convencional, por um ângulo diferente do habitual, um ajuste na configuração da câmera: valor 10 para a abertura do diafragma e 10 para a velocidade do obturador, enfim, detalhes presentes na concepção de uma fotografia, fragmentos capazes de revelar uma outra cidade da cidade de Feira de Santana, mas ainda assim, mantendo a vizinhança, o efeito visível da proximidade. Um mesmo lugar reinventado.
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