O Alfagaris foi implantado em Feira em 2017, a partir de uma ideia desenvolvida pela empresa Sustentare, no Distrito Federal, e encontrou na Uefs a parceria para iniciar a prática, que neste período foi interrompida por dois anos, em virtude da pandemia. As alfabetizadoras do projeto são alunas do curso de Pedagogia da Instituição, remuneradas pela Sustentare, durante os oito meses de aulas. O projeto oferece aulas dentro do ambiente de trabalho, durante o horário laborativo, garantindo todo o suporte necessário para o aprendizado e o bem-estar dos alunos.

De acordo com a coordenadora do projeto, Sandra Nívia Soares, a experiência de trabalhar com homens e mulheres não alfabetizados é um grande desafio. 

"São pessoas, que por várias circunstâncias não puderam frequentar a escola e isso causa um grande impacto porque normalmente a autoestima é muito baixa e dificulta uma série de questões, inclusive de relacionamento. Trabalhar com eles requer um cuidado muito grande, mas os resultados são gratificantes", avaliou.

Além de beneficiar diretamente os colaboradores da limpeza urbana, o Alfagaris também funciona como um projeto de extensão universitária para formação docente, proporcionando às professoras alfabetizadoras a oportunidade de refletir sobre suas práticas pedagógicas e aplicar metodologias inovadoras. "Nos sentimos gratificadas, quando vemos até a forma que as pessoas passam a se expressar, se relacional com os outros além da independência que se ganha saber resolver coisas como manusear aplicativos, tomar ônibus e muitos querem muito mais, ou seja avançar nos estudos", disse Sandra Nívia Soares.

Nove projetos concorrem nas categorias, e o projeto Alfagaris está entre os três finalistas na categoria Educadores. "Estar entre os finalistas é uma prova de que fazendo os investimentos corretos na educação se tem belos retornos como este. Esperamos ir além expandindo o projeto para que outras pessoas além dos trabalhadores da limpeza pública tenham acesso a educação, criando novas perspectivas de vida", ressaltou.

O reconhecimento prevê seis vencedores (dois por categoria) e tem uma premiação total de R$ 1,2 milhão, sendo R$ 200 mil para cada ganhador. Os projetos serão avaliados por sua inovação, impacto, escala, replicabilidade e consistência metodológica. Em abril de 2025, um programa da TV Globo mostrará as melhores iniciativas.