Tributo vai homenagear Doidão Bahia, um mestre da arte em madeira
O evento vai acontecer no dia 4 de novembro, às 19h, na Praça Dr. Milton
A cidade histórica de Cachoeira está se preparando para um evento especial em novembro: o Tributo a José Cardoso Araújo, o eterno Doidão Bahia, uma referência na arte em madeira que deixou um legado valioso para a região. Este evento de destaque acontecerá às 19h, na praça Dr. Milton, e tem como objetivo lembrar e celebrar a contribuição única de Doidão Bahia para a cena da arte em madeira de Cachoeira e do Brasil.
Nascido em 13 de outubro de 1950 (se vivo estivesse este ano faria 73 anos), Doidão Bahia, junto com seus tios maternos Louco e Maluco, foi um dos pioneiros da escultura em madeira na cidade histórica. Doidão começou a esculpir desde cedo e compartilhou seus conhecimentos com as gerações futuras. Seu legado é inegável, e suas obras se destacam por traços finos e detalhados, lábios marcantes, nariz grande e características distintivas de pessoas negras.
De acordo com o dicionário Belas Artes da UFBA, Doidão foi morar em Salvador ainda na adolescência onde morou até perto dos 30. "Trabalhou no Mercado Modelo, vendo as esculturas de Louco e de seus parentes na barraca de Carlos da Silva Teixeira que comprou ferramentas e um pedaço de jacarandá para José esculpir. Pouco a pouco, foi trabalhando em casa, expondo e ganhou mais autonomia".
As principais influências de Doidão Bahia incluíam orixás e santos do catolicismo, com um carinho especial pelas esculturas de Cristo, Ogun, Oxum e Xangô. Cada peça que ele esculpia era uma criação única e significativa, como se estivesse dando à luz a um filho.
O Dicionário de Belas Artes da UFBA registra que "a primeira exposição de Doidão foi no Teatro Vila Velha (Salvador) em 1968, seguida de outras. Conheceu Mercedes Kruchewsky, professora da escola de Belas Artes quando ele expunha no Teatro Casto Alves, o que lhe motivou ingressar como aluno do Curso Livre da EBA. Segundo ele, manteve-se apenas por alguns meses nesse curso, por ter sido desaconselhado a continuar pela própria professora, para que não se afastasse de seu estilo".
O Tributo a Doidão Bahia é organizado por amigos, como Marcos Moura que desempenha papel central na iniciativa enquanto idealizador e promotor do evento. Segundo Marcos, o objetivo deste tributo é lembrar o grande artista e homem que Doidão era, demonstrando que ele continua vivo através de suas obras. O evento vai contar com show da Banda "Rafa Luz e o Trio das Sete", de Salvador, tocando Raul Seixas, de quem Doidão era fã. Além de vários depoimentos de amigos e artistas falando sobre a vida e obra do homenageado.
Desde a contribuição de Doidão Bahia, a arte em madeira de Cachoeira ganhou reconhecimento em todo o mundo, levando o nome da cidade a locais distantes e alimentando o orgulho da comunidade local. Ele 23 mostras individuais pelo Brasil e 22 participações salões, bienais e coletivas, algumas delas até fora do País, segundo o Dicionário de Belas Artes da UFBA.
No entanto, o futuro da arte em madeira na região enfrenta desafios devido ao pequeno número de sucessores. Muitos jovens desistem da profissão em busca de outras formas de subsistência, ameaçando a preservação das tradições e técnicas artísticas locais. Tanto é assim, que o Dicionário de Belas Artes registra: "De seus sete filhos, nenhum deu continuidade à escultura como atividade, entretanto, a sua filha Itana Cardoso interessou-se por arte. Ela realizou painéis que decoravam o restaurante A Cabana do Doidão Bahia, antiga Cabana do Pai Thomaz".
Os planos para tornar a obra e a memória de Doidão Bahia mais acessíveis ao público incluem a criação de uma fundação, a "Fundação Doidão Bahia," onde a história de vida desse renomado artista e suas obras serão acessíveis a todos.
O Tributo a Doidão Bahia, que acontecerá no dia 4 de novembro, às 19h, na praça Dr. Milton, em Cachoeira, representa uma oportunidade para a comunidade local e visitantes de fora da cidade prestarem homenagem a um mestre da arte em madeira que fez história em Cachoeira.
Irmão do também escultor Dory (Lourival Cardoso de Araújo), Doidão Bahia saiu da vida em 23 de setembro de 2017 (quase um mês antes de completar 67 anos), mas deixou um legado duradouro que inspira a comunidade a preservar suas tradições e técnicas artísticas, garantindo que sua memória perdure através de suas obras e da apreciação de sua arte única.
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