Comunidade teatral lamenta morte de Harildo Déda, aos 83 anos

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Comunidade teatral lamenta morte de Harildo Déda, aos 83 anos

Ator, diretor e ex-professor da Escola de Teatro da Ufba morreu nesta terça, 19

Crédito: Divulgação

A comunidade do teatro baiano recebeu a notícia da perda do ator e diretor Harildo Déda, que morreu nesta terça-feira (19), aos 83 anos, com muita tristeza. Para Fernando Guerreiro, que tem uma longa história como diretor teatral e hoje é o nome à frente da Fundação Gregório de Mattos, "Harildo Déda sempre foi uma referência para todo mundo no teatro".

"Quando eu comecei na carreira, Harildo já era consagrado. Então ele sempre foi uma referência para todo mundo no teatro. Ele sempre foi alguém que eu já tinha na minha cabeça que eu tinha que dirigir em algum momento, e que eu teria que ter próximo como professor. Eu tive a oportunidade de trabalhar com Harildo em alguns momentos, como foi o caso de Equus, que teve ainda Vladimir Brichta no elenco. E depois um Beijo no Asfalto", relembrou Guerreiro.

De acordo com o diretor da FGM, sua vivência com Déda foi "uma convivência cordial e principalmente de aprendizado": "A importância do ator para o teatro, aquela situação assim que você consegue se fazer teatro, sem qualquer outra coisa menos sem ator, que é o mais importante, é o grande legado dele". Temos que estar muito atentos para não deixar essa memória se perder e a gente continuar na luta, porque ele foi um grande mestre da resistência, uma pessoa que teve muito coragem para desfundar o teatro na Bahia".

Outro que lamentou profundamente foi o jornalista, escritor e professor Marcos Uzel, que tem vários livros sobre teatro publicados, entre eles, a biografia de Nilda Spencer: "Harildo representa a alma e o coração do teatro baiano. Aquele que gerações e gerações reverenciam como o grande mestre, não apenas pela capacidade intelectual, mas também por sempre ter privilegiado o diálogo e a troca de experiências com os artistas jovens. Harildo é um ícone, um grande símbolo da nossa cultura, o cavalheiro das artes na Bahia. Um louco dionisíaco, apaixonado, que respirou teatro até quando o seu corpo físico permitiu. Imaginar os palcos sem a presença dele é um vazio imenso!".

O diretor, dramaturgo, também professor da Escola de Teatro e colunista do CORREIO, Gil Vicente Tavares ressaltou a presença de Harildo Déda na Escola de Teatro da Ufba: "Harildo dedicou sua vida à Escola de Teatro, à Cia de Teatro da UFBA, e, principalmente, à formação de dezenas de gerações de atrizes e atores. E tudo isso sendo, também, o grande ator que foi, no teatro, cinema e TV. Foi-se um dos mais sólidos pilares do nosso ofício".

Também professor da Escola de Teatro, Claudio Cajaíba diz que Déda era uma figura icônica para aquela comunidade e que esteve presente na banca de aptidão dele. "Não se pode pensar no teatro sem a técnica que Harildo abraçou e que compartilhou com tanta gente. Era um professor desejado, não tinha quem não quisesse fazer a aula com ele e, depois disso, mesmo na aposentadoria, ele estava ajudando a escola no projeto importantíssimo que é o de contar a história da escola de teatro".

O ator Marcelo Flores disse que Harildo Déda entrou para a família do coração. "Minha filha chama ele de avô".

"Harildo foi um grande amigo, um artista, um ídolo, uma pessoa que é da família do coração e a gente, não só eu, mas outros atores e atrizes, nos referimos a ele como verdadeiro pai artístico. Nós fizemos Juntos em Família, onde ele fazia o pai da família, um projeto dele que ele me deu a honra de dirigir", lamentou.

"Costumo dizer que nós refletimos na ficção uma família de artistas da vida real, porque isso é Harildo. Ele tem uma legião de filhos e filhas que são fãs, são discípulos como eu, e fazem parte do legado desse grande artista que formou centenas de artistas baianos e brasileiros ao longo de mais de 50 anos de trajetória profissional. Um grande homem das artes do Brasil se vai e deixa um legado imenso. Eu perdi também um grande amigo afetuoso, leal, inteligente, divertido, companheiro, muito culto e com essa capacidade de didática infinita, como ele gostava de dizer, uma referência grande na minha vida pessoal e profissional", resume Flores.

 

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