Refugiados consideram brasileiros acolhedores, mas sofrem discriminação

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Refugiados consideram brasileiros acolhedores, mas sofrem discriminação

O levantamento foi realizado pela ONG Estou Refugiado com o Instituto Qualibest

Crédito: Divulgação

Refugiados que vivem no Brasil consideram os brasileiros solidários e acolhedores, mas muitos relatam ter sofrido discriminação por sua nacionalidade ou sua raça, especialmente os que vêm de países da África, mostra uma pesquisa que avaliou a percepção e as dificuldades vividas por esses imigrantes.

O levantamento, realizado pela ONG Estou Refugiado com o Instituto Qualibest entre janeiro e setembro de 2021, entrevistou 503 refugiados ou solicitantes de refúgio.

A amostra não é representativa dessa população, mas tem um perfil semelhante ao da média desses imigrantes, com a maioria tendo vindo da Venezuela (61%) e morando em Boa Vista (39% do total) ou São Paulo (34%). Os demais são angolanos, congoleses, sírios e de países como Colômbia e Cuba, e o tempo em que estão no Brasil varia de seis meses a sete anos.

Questionados sobre pontos positivos e negativos dos brasileiros, a maioria disse que os consideram solidários (62%) e acolhedores (59%). Mais de 40% afirmaram não ver pontos negativos, mas, entre os demais, os defeitos mais associados com os brasileiros foi o de serem relapsos (23%), briguentos (19%) e preconceituosos (18%).

No geral, 47% disseram ter sofrido algum tipo de discriminação no país, especialmente relacionada à nacionalidade e à raça. Entre os refugiados africanos o percentual é bem maior: 64%.

Os dois maiores fatores apontados como motivadores para migrar foram a crise econômica -especialmente no caso dos venezuelanos- e perseguição política ou guerras.

Eles dizem ter escolhido o Brasil como destino principalmente por terem parentes ou amigos no país e pela ideia de que seria mais fácil encontrar trabalho (23%), algo que nem sempre se confirma na prática: metade dos entrevistados considera difícil ou muito difícil encontrar trabalho no Brasil, e esse foi o principal fator mencionado por eles entre os maiores problemas que enfrentam.

Além da falta de vagas disponíveis, eles citaram como entraves para a colocação no mercado de trabalho o fato de não conhecerem ninguém (35%), problemas com o idioma (33%) ou para revalidar seus diplomas (28%), além da discriminação contra imigrantes por parte dos empregadores (25%).

Metade dos entrevistados têm curso superior completo ou incompleto, 7% têm pós-graduação e 29%, o ensino médio, o que confirma estudos anteriores que mostram os refugiados como mais escolarizados que a média nacional.

Muitos refugiados (48%) disseram que aprenderam português sozinhos, no dia a dia -mais de 70% disseram ter um relacionamento próximo com brasileiros. Os que fizeram curso do idioma estudaram, em média, sete meses.

Só 30% deles não tiveram nenhuma ajuda ao chegar ao Brasil. Entre os demais, a maioria foi atendido por ONGs, igrejas ou mesquitas. O sentimento predominante na chegada foi a saudade da família (49%), seguido por alívio (33%), alegria (30%) e medo (29%).

Mais de 75% dos entrevistados disseram que seu maior desejo é dar uma vida melhor aos filhos e 30% não querem voltar ao país de origem nem temporariamente. 

 

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