Polícia omitiu menção ao Planalto em escutas sobre ex-PM morto
Adriano da Nóbrega foi morto em fevereiro de 2020
A Polícia Civil do Rio de Janeiro omitiu do relatório sobre as escutas telefônicas da Operação Gárgula a menção ao Palácio do Planalto feita pela irmã do ex-policial militar Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro de 2020 na zona rural do município baiano de Esplanada, em confronto com policiais.
O diálogo entre Daniela da Nóbrega, irmã do ex-PM, e uma tia é considerado de alta prioridade, mas somente um resumo da conversa entre Tatiana, outra irmã de Adriano, e a tia na mesma ligação é descrito no documento.
Dois dias após a morte do irmão, Daniela disse à parente que o ex-policial soube de uma reunião envolvendo seu nome no Planalto e do desejo de que se tornasse um "Arquivo Morto".
"Ele já sabia da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto. Ele já era um arquivo morto. Já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele, já. Fizeram uma reunião com o nome do Adriano no Planalto. Entendeu, tia? Ele já sabia disso, já. Foi um complô mesmo", afirmou Daniela, na gravação autorizada pela Justiça.
A conversa de 6 minutos e 51 segundos aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2020 por meio do telefone de Tatiana, alvo das escutas.
O Palácio do Planalto e a defesa de Daniela não se manifestaram. A Polícia Civil também não comentou o caso.
Apesar do conteúdo do diálogo, revelado pela Folha, o relatório da polícia encaminhado para o Ministério Público do Rio de Janeiro, responsável pela operação, apenas menciona que o arquivo contém uma conversa entre Daniela e a tia, enquanto o resumo descrito tem só os trechos nos quais Tatiana conversa com a tia.
Os resumos do relatório de transcrições, elaborado pela Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil, servem para descrever aos responsáveis pela investigação o conteúdo das conversas mais relevantes, auxiliando nos rumos da apuração.
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