Polícia de Minas Gerais começa a usar câmeras corporais em 4 mil agentes
As COPs têm o objetivo de facilitar as investigações de abordagens policiais
Os policiais militares de Minas Gerais passarão a usar neste mês câmeras corporais acopladas às fardas. Os equipamentos foram recebidos em novembro pelo governo estadual e estarão em ações de patrulhamento da corporação em todo território mineiro ainda em dezembro.
As Câmeras Operacionais Portáteis (COP) têm o objetivo de facilitar as investigações de abordagens policiais e reduzir a letalidade da polícia durante suas ações. Além disso, segundo a PM, os equipamentos são seguros e blindados contra manipulações.
Ainda segundo a corporação, serão cerca de quatro mil agentes que estarão nas ruas a partir dos próximos dias, portando as "body cams", coladas ao colete, que vão acompanhar em tempo integral a ação policial, facilitando a apuração de crimes, porque aquilo que o policial vê estará registrado para que possa ser utilizado em processos criminais.
As câmeras não permitem a interrupção da filmagem nem a manipulação dos vídeos. Também não é possível baixar os vídeos fora do sistema da corporação. Ou seja, trata-se de um sistema à prova de manipulação e de fraude, que vai garantir mais segurança para o agente policial e a população, já que as abordagens policiais vão estar documentadas, ajudando efetivamente na apuração de possíveis crimes, de acordo com o que foi divulgado pela corporação mineira.
Os equipamentos poderão ser usados pela polícia ou pela Justiça. As imagens poderão ser requisitadas também por outros órgãos de segurança, mas não serão franqueadas ao público porque poderiam comprometer, desta forma, as ações de segurança que são estruturadas em processos de investigação.
Conforme a PM, num primeiro momento serão usadas 1.040 câmeras e quatro mil militares usarão o equipamento em diferentes turnos, em todas as regiões de Minas; 500 policiais foram treinados para usar as câmeras e replicar o conhecimento para colegas.
Cerca de R$ 2,4 milhões foram investidos para a compra das câmeras. Do total, R$ 1,8 milhões foram gastos pelo governo estadual, enquanto o restante é proveniente de verbas do Ministério Público (MP) estadual.
São Paulo
As câmeras corporais já estão em funcionamento na Polícia Militar de São Paulo. Um estudo divulgado nesta semana colocou em xeque uma das mais polêmicas promessas do governador eleito, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O trabalho concluiu que o programa de câmeras instaladas nos policiais militares, que Tarcísio e os bolsonaristas querem rever, provocou um aumento de 24% do número de apreensões de armas e de 102% dos registros de casos de violência doméstica, além de crescimento de 78% dos casos de porte de drogas.
Ou seja, o equipamento aumentou a efetividade da PM no combate aos agressores de mulheres, além de tornar mais difícil a vida de outros criminosos. Ocorrências que costumavam ser subnotificadas passaram a ser registradas pela polícia. É como se a corporação tivesse adotado a política de tolerância zero contra o crime. Houve ainda queda do número de policiais mortos em serviço e de 57% dos casos de pessoas mortas em decorrência da ação policial.
As conclusões do estudo potencialmente esvaziam o discurso adotado na campanha eleitoral pelo governador eleito e pelo seu futuro secretário da Segurança Pública, o deputado federal reeleito e capitão Guilherme Muraro Derrite (PL) - de que as câmeras inibiriam, diminuiriam e constrangeriam os policiais durante o trabalho. A revisão do programa enfrenta resistência na cúpula das forças de segurança do Estado.
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