Hostilidades a Alexandre de Moraes: defesa de investigados turbina estratégia por brecha no inquérito
A defesa afirma que o trabalho da PF em relação ao vídeo da agressão foi 'minuciosamente seletivo'
A defesa dos investigados por hostilidades ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no aeroporto de Roma, tem buscado pontas soltas na investigação para tentar colocar em xeque o inquérito que fechou o cerco contra o grupo. A estratégia tem sido de enfrentamento com os investigadores.
A Polícia Federal (PF) analisou as imagens das câmeras de segurança do terminal, compartilhadas por autoridades italianas, e concluiu que o empresário Roberto Mantovani 'aparentemente' bateu com 'hostilidade' no rosto do filho de Moraes.
Os advogados Ralph Tórtima Stettinger Filho e Thiago Amaral Lorena, que representam o empresário, insistem no acesso ao vídeo para fazer uma perícia própria. Eles afirmam que o trabalho da PF foi 'minuciosamente seletivo'.
Em manifestação ao STF nesta segunda-feira, 23, os criminalistas afirmam que trechos importantes do entrevero teriam sido omitidos no relatório da Polícia Federal. Os advogados afirmam, por exemplo, que faltou mencionar que Alexandre de Moraes fotografou os manifestantes e que o filho do ministro teria ofendido o grupo e tentado impedir filmagens.
Em depoimento à PF, Moraes narrou que avisou ao empresário e a seus familiares que iria fotografá-los para que fossem identificados e responsabilizados. O ministro também admitiu que, ao ser chamado de bandido pelo corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto, genro de Mantovani, repetiu a mesma expressão em tom jocoso. Já o filho dele alegou aos investigadores que apenas pediu respeito e advertiu que medidas legais cabíveis seriam tomadas, mas negou ofensas.
A defesa dos bolsonaristas juntou ao processo, no início do mês, um vídeo de nove segundos, feito por um dos investigados, mas se recusa a entregar o celular usado na gravação enquanto não tiver acesso às filmagens do aeroporto. O delegado federal Hiroshi Sakaki, responsável pela investigação, diz que o aparelho precisa ser periciado para verificar se as imagens foram editadas ou adulteradas e se mais vídeos foram gravados pelos bolsonaristas.
Os advogados também querem verificar se os trâmites para obter as filmagens do aeroporto obedeceram as regras de cooperação internacional. Para isso, pediram acesso a todos os documentos do procedimento. O pedido ainda não foi analisado.
Outra queda de braço gira em torno da competência para conduzir as investigações. A defesa quer a redistribuição do caso por considerar que o inquérito não tem relação com os protestos do dia 8 de janeiro e, por isso, não deveria ter sido remetido à equipe de policiais federais que conduz as apurações sobre os atos golpistas em Brasília. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deu parecer favorável aos advogados.
Cabe ao ministro Dias Toffoli, relator do inquérito, decidir sobre os impasses entre defesa e PF. Ele levantou o sigilo dos autos, mas até o momento mantém a íntegra das imagens do aeroporto em sigilo. "Não há razão para expor envolvidos e terceiros que aparecem nas cenas captadas", justificou. Toffoli autorizou a defesa a assistir ao vídeo, mas negou a extração de cópias, ou seja, os advogados podem marcar um horário para ver a gravação, mas não podem levar consigo com uma versão.
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