Homicídios caem no Brasil e atingem menor marca em 10 anos
Apesar da redução nacional, região Norte apresentou aumento de 9%
Dados do 16º anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta terça-feira (28), aponta que o Brasil apresentou, em 2021, queda de 6% do número de mortes violentas. Todavia, a Amazônia apresentou aumento de 9% nas mortes violentas com uma taxa de 33,3%, segunda maior taxa entre todas as regiões, ficando atrás apenas do Nordeste 35,5%.
Em 2021, foram 47.503 vítimas e 22,3 mortes violentas para cada 100 mil habitantes, menor taxa desde 2011, primeiro ano em que o índice foi registrado. Entre os alvos, 91% são homens, 78% são negros e 51% são jovens. Para apurar os dados, o anuário utilizou como fonte as secretarias estaduais de Segurança Pública, a Polícia Civil de Minas Gerais, o Núcleo de Apoio Técnico do Ministério Público do Acre, o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o próprio Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Entre os estados, o Amapá tem a maior taxa, 53,8%. O crescimento mais acentuado em relação ao ano anterior, porém, se deu no Amazonas, onde foram assassinados em junho o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira.
Em 2020, o estado teve 1.121 vítimas de mortes violentas intencionais. No ano seguinte, foram 1.670, contabilizando um aumento de 49%.
Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, informou ao jornal Folha de S. Paulo, que a redução das mortes violentas intencionais precisa ser louvada, mas pondera que o Brasil ainda é um país muito violento. "Essa queda não consegue mudar o cenário de medo e insegurança ao qual a população brasileira está submetida", afirma.
O presidente salienta que, segundo o sistema de dados do Escritório das Nações Unidas para Crimes e Drogas, o Brasil é o país com o maior número absoluto de homicídios do planeta. Com uma população equivalente a 2,7% da população global, o Brasil respondeu por cerca de 20,5% dos homicídios registrados no mundo em 2020.
O pesquisador também diz que a redução das mortes violentas não é consequência de uma política de segurança nacional, mas de outros fatores, como as mudanças demográficas, as políticas locais de prevenção à violência e as ações do crime organizado.
Tabatinga, cidade no extremo oeste do Amazonas, segundo Renato Sérgio de Lima, tem hoje a segunda principal rota do tráfico internacional de drogas e armas do país, o município fica na fronteira com Peru e Colômbia. Ela é controlada pelo Comando Vermelho, mas há disputas por determinados pontos.
"A Amazônia é uma síntese da violência brasileira. É uma sobreposição de ilegalidades: crime ambiental, letal, roubos, garimpos."
A baixa capacidade institucional, representada em parte pelo reduzido número de agentes das forças de segurança em estados do Norte, também pode ajudar a explicar o aumento das mortes violentas na região, diz o pesquisador.
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