Em meio a incertezas, aeroporto de Porto Alegre completa um mês fechado
Concessionária responsável, Fraport se esquiva de previsão para reabertura
O aeroporto internacional Salgado Filho completa nesta segunda-feira (3) um mês de fechamento em meio a incertezas sobre o tamanho dos estragos causados pela enchente histórica em Porto Alegre. Ainda não é possível dimensionar o tempo e os recursos necessários para recuperar a pista e as demais estruturas atingidas pela água. Até o momento, a expectativa é de que a retomada dos voos não ocorra antes de, no mínimo, agosto.
Segundo matéria da Folha de São Paulo, a Fraport Brasil, concessionária responsável por administrar o Salgado Filho, evita falar em uma data para a reabertura. A empresa vem afirmando que, antes de indicar um prazo, é necessário fazer uma avaliação dos impactos. Na sexta, a companhia afirmou que recentemente conseguiu acessar a pista do aeroporto, mas disse que "muitas áreas" seguiam alagadas. Uma vistoria no aeroporto foi agendada para esta segunda-feira, de acordo com a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul. Autoridades, técnicos e representantes da concessionária devem participar.
"Nossa expectativa é que na próxima semana consigamos iniciar os testes técnicos e de solo para avaliar o impacto na pista", declarou. Conforme a empresa, a água já deixou a parte interna do terminal.
Em entrevista à GloboNews na noite de domingo (2), o ministro Paulo Pimenta (PT), que está à frente da secretaria, sinalizou que a ideia da vistoria é criar um cronograma e entender o orçamento necessário para a retomada do Salgado Filho. Ele disse que a população gaúcha precisa de uma resposta.
"A partir disso, sabendo desses números, temos de saber que despesas estão previstas e não estão no contrato originário [da concessão]", afirmou.
"Tudo aquilo que foge do escopo da concessão é uma despesa adicional que a concessionária não tem obrigação de custear e, evidentemente, que será o poder público, seja ele federal ou estadual. Vamos sentar e discutir essa readequação", acrescentou.
A paralisação do Salgado Filho trouxe uma série de dificuldades logísticas para o Rio Grande do Sul, com reflexos no transporte de pessoas e mercadorias. Em meio a crise, a Fraport pediu que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) estudasse o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato do Salgado Filho. A informação foi negada pela empresa, mas confirmada pela agência reguladora.
"O Salgado Filho está para o Rio Grande do Sul como Congonhas está para São Paulo. É um aeroporto vital, que centraliza a malha aérea e distribui voos para outros locais", comparou Paulo Menzel, presidente da CâmaraLog (Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura).
Menzel defende a construção de mais um aeroporto no estado, localizado em Vila Oliva, no município de Caxias do Sul (a cerca de 120 km de Porto Alegre). Na visão dele, a tragédia climática deve ser usada para repensar a infraestrutura gaúcha.
"Tenho resistido a falar em reconstrução do Rio Grande do Sul. Isso me dá coceira. Temos de pensar em um novo Rio Grande do Sul. Reconstruir mais do mesmo é perder uma oportunidade histórica", afirmou.
O Salgado Filho paralisou pousos e decolagens na noite de 3 de maio. Questionada pela reportagem neste domingo, a Fraport não detalhou quantos voos foram cancelados no Salgado Filho desde o início de maio, nem o número de passageiros afetados. Segundo a Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul) chegaram a aceder bombas para auxiliar na drenagem da água acumulada na região do Salgado Filho.
A Fraport vem atuando, desde o dia 27, na operação de voos comerciais na base aérea de Canoas, na Grande Porto Alegre, a medida vem como mediadora enquanto uma reabertura do terminal não ocorre. Canoas também integra a malha emergencial. A partir de 10 de junho, a base aérea poderá ter sua capacidade dobrada de 35 para 70 frequências semanais, o equivalente a dez voos diários.
Fonte: bahia.ba
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