Brasil tem recorde de mortes e queda de nascimentos no segundo ano da pandemia
Conclusões são da pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2021, divulgada nesta quinta, 16, pelo IBGE
Em 2021, segundo ano da pandemia de Covid-19, o número de mortes teve um salto e bateu recorde no Brasil, enquanto o de nascimentos continuou em trajetória de queda.
As conclusões são da pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2021, divulgada nesta quinta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O número de óbitos ocorridos no segundo ano da pandemia chegou a 1,786 milhão no país. Houve alta de 18% (quase 272,8 mil a mais) em relação a 2020 (1,513 milhão).
Conforme o IBGE, tanto o número de mortes quanto a taxa de crescimento anual bateram recordes na série histórica, com estatísticas a partir de 1974. Os dados são baseados em registros obtidos em cartórios.
O número de óbitos de 2021 (1,786 milhão) superou a população estimada à época pelo IBGE para um município do porte de Recife (1,661 milhão de habitantes).
O instituto afirma que os registros não detalham o motivo de cada morte, mas é possível associar a disparada aos impactos da pandemia no Brasil. Em 2019, antes da crise sanitária, os óbitos haviam somado 1,317 milhão.
"A pesquisa não coleta a causa da morte, mas a gente supõe que sim [que houve efeito da pandemia em 2021]. É um número bem fora da curva", afirmou Klívia Brayner, gerente das Estatísticas do Registro Civil do IBGE.
Nascimentos têm baixa de 1,6% A pesquisa também identificou 2,635 milhões de nascimentos ocorridos no país em 2021. É o menor patamar da série histórica considerada a partir de 2003 -devido a uma adaptação metodológica à época, o IBGE evita a comparação com anos anteriores desse indicador.
Em 2021, o número de nascidos vivos recuou 1,6% (menos 43,1 mil) em relação a 2020 (2,678 milhões). O volume, destacou o IBGE, já vinha em queda em 2019 (-3%) e 2020 (-4,7%). Os dados de nascimentos também são obtidos pelo instituto com os cartórios.
"A redução de registos de nascimentos observada pelo terceiro ano consecutivo parece estar associada à queda da natalidade e da fecundidade no país já sinalizada pelos últimos Censos Demográficos", aponta o informativo da pesquisa.
"Outra hipótese é que a pandemia de Covid-19, iniciada no ano de 2020, pode ter gerado insegurança entre os casais, fazendo com que a decisão pela gravidez tenha sido adiada", acrescenta.
Casamentos sobem 23,2% Segundo o mesmo estudo, o Brasil teve 932,5 mil casamentos civis registrados em 2021. Isso representa um aumento de 23,2% (175,3 mil a mais) em relação a 2020 (757,1 mil).
Para o IBGE, houve indícios de que as cerimônias matrimoniais voltaram a ocorrer com mais frequência em 2021 em razão da vacinação contra o coronavírus e da flexibilização das medidas restritivas ao longo do ano.
Do total de casamentos, 9.202 ocorreram entre pessoas do mesmo sexo. Esse número cresceu 43% ante 2020 (6.433).
O IBGE ponderou que, mesmo com a alta, o número total de casamentos permaneceu, em 2021, abaixo do pré-pandemia. Antes da crise sanitária, em 2019, o país havia somado mais de 1 milhão de registros.
Divórcios crescem 16,8%
Os divórcios judiciais ou extrajudiciais também aumentaram no segundo ano da pandemia, de acordo com a pesquisa do IBGE. Em 2021, o número de casamentos encerrados chegou a 386,8 mil, uma alta de 16,8% frente a 2020 (quase 331,2 mil).
Foi o maior aumento percentual em relação ao ano anterior desde 2011 (45,4%), afirma o instituto.
O IBGE, contudo, havia enfrentado dificuldade para coletar as informações de divórcios de 2020 devido às restrições da pandemia, que afetaram o funcionamento das varas judiciais.
Eventuais atrasos nos processos podem ter impactado os dados daquele ano, com risco de subenumeração. Os registros de divórcio são obtidos junto a varas judiciais, foros, cartórios e tabelionatos.
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